Por mais de uma vez foi avisado, e mesmo assim, ninguém deu ouvidos.
Quem não escuta cuidado escuta coitado.
Agora, esta semana, o PT campista anunciou que, com a impossibilidade de candidatura da deputada estadual Carla Machado (o que até as pedras do cais da Lapa já sabiam), a legenda vai se lançar em um debate interno, aberto aos não filiados, para elaborar propostas de governo.
Sabe quando não se tem mais o que fazer e criamos uma comissão, para fazermos uma assembleia, e depois elegermos uma nova comissão?
É mais ou menos isso que o PT de Campos dos Goytacazes está fazendo.
Enrolando para não dizer a todos que se encontra, mais uma vez, na posição vergonhosa de ter apostado todas as suas fichas em projetos alheios, e no fim, não restou nada ao partido, senão o desgaste.
Ao mesmo tempo, como um prêmio de consolação, ou pior dizendo, como única alternativa restante, chamou o Professor Jefferson do IFF para entrar aos 52 min do segundo tempo, quando o placar informa a derrota do PT por 12 a zero.
Não há nenhum problema em alianças, repito, o problema do PT de Campos é sua inclinação ao adesismo, sua tendência a um tipo de parasitismo político que cega qualquer chance de um projeto autônomo, ainda que pequeno e modesto.
O PT de Campos dos Goytacazes vive de olho no retrovisor, destilando ódios antigos, que se materializam na aversão à família Garotinho.
Ok, qualquer um é capaz de concordar e entender que o PT de Campos e do RJ são avessos à família Garotinho, e que haja até motivos para isso.
O que não se explica é que essa rejeição não seja capaz de dotar o partido de um projeto, ainda que seja desaconselhável fazer política tendo a interdição do outro, ou o ódio como único motor.
Nenhuma das opções petistas em Campos deu certo, e o PT daqui insiste em aliar-se a figuras que não têm a menor densidade ou condições de combater a hegemonia dos Garotinhos.
Talvez o único que pudesse, Arnaldo Vianna, quando teve o PT ao seu lado, o tratou com o desdém dedicado aos subalternos políticos, o que, de fato, o PT de Campos sempre foi.
Hoje, Arnaldo, ex-esposa Ilsan e o filho do casal, Caio estão de novo com os Garotinhos.
A opção Rafael Diniz se mostrou uma catástrofe.
A gestão de Rafael Diniz pode ser considerada a segunda pior catástrofe da história da cidade, ao lado da pandemia, como alguém já disse, em algum lugar que não me recordo.
O fato é que o PT de Campos esteve na base de apoio de um governo que desmontou todas as redes de proteção social existentes, que, ainda que paliativas, revelaram que a ausência delas, ainda mais em uma pandemia, era a condenação dos mais pobres a um martírio ainda maior.
Agora, deixando-se levar pela deputada e seus padrinhos políticos, o PT engessou-se em uma posição que não mais permite qualquer protagonismo na eleição de 2024, e periga ficar até sem vereador, já que boa parte da tática e estratégia neste sentido não pode prescindir de um palanque majoritário (candidato a prefeito, próprio ou aliado).
Com quem vai o PT de Campos agora?
Com a delegada?
Com um dos candidatos “pulverizadores” da oposição a Wladimir Garotinho?
Mesmo acreditando que a direção do PT é capaz de tudo, me recuso a acreditar nessas opções.
Seria demais até para o PT de Campos.
Vai tentar, de verdade, com Jefferson do IFF, depois de tê-lo desprezado, massacrado e humilhado?
Aparentemente, qualquer resposta terá o mesmo resultado para o PT, a saber, nenhum.
Cabe perguntar se não seria de todo ruim, já que o adesismo é a marca do petismo em Campos, que o PT assuma logo esse papel, e quem sabe, converse com quem dizem que nunca conversaram?
Orgulho com prejuízo é bobagem, dizem os mais antigos.