A pesquisa Quaest divulgada nesta quarta-feira trouxe um dado que é uma verdade incômoda para o Palácio do Planalto. A Quaest perguntou aos entrevistados: “O governo Lula se preocupa com pessoas como você?”. O resultado foi um empate: 48% disseram que sim, 48% disseram que não, e 4% não souberam ou não responderam. Ou seja: 14 meses depois de Lula eleito, ele não conseguiu convencer a metade do país que preferia Bolsonaro que está fazendo algo por eles.
A análise do perfil desses eleitores mostra uma divisão clara entre quem votou majoritariamente em Lula ou em Bolsonaro em 2022. Responderam favoravelmente ao governo Lula eleitores do Nordeste, com renda de até dois salários mínimos, pretos, católicos, mulheres e pardos.
Os que deram resposta negativa ao levantamento, por outro lado, foram os grupos onde Bolsonaro levou a melhor nas urnas. Foram evangélicos, moradores do Sul, brancos, com renda de dois a cinco salários mínimos, moradores do Sudeste, com renda de mais de cinco salários mínimos, moradores do Centro-Oeste e Norte, e homens.
A razão para a clivagem ainda estar assim não é muito difícil de entender. Quais gestos efetivos foram feitos por Lula para ser percebido como um governante também dos evangélicos? Do agro que não gosta dele? Da turma que acha que combater a corrupção é a pauta mais importante do planeta?
É um problema de comunicação e de política. Existem coisas que estão sendo feitas, claro. Quando Lula enfrenta a inflação, está ajudando o evangélico pobre. Quando aumenta o valor investido no Plano Safra, está atendendo o agronegócio. Quando a CGU passa a cobrar com seriedade o respeito à Lei de Acesso à Informação, está melhorando a transparência e consequentemente prevenindo a corrupção. Mas do que adianta tudo isso se a comunicação e a política não mostram isso?
Fonte: Jornal Metrópoles