Na região da Bacia do Rio Paraíba do Sul residem cerca de 10 milhões de pessoas, possui um Produto Interno Bruto (PIB) maior que 20 estados do país. Entretanto, 173 dos 184 municípios desta bacia registraram desastres no período entre 2003 e 2022, que ameaçam a estabilidade econômica e a segurança de seus habitantes. Pesquisadores alertam sobre a necessidade de fortalecer as instituições e a gestão de riscos de desastres.

Pesquisadores ressaltam a necessidade de que as bacias hidrográficas sejam consideradas como unidades geográficas de gestão de risco de desastres, para assim fortalecer a institucionalidade e a cooperação.O estudo realizado na Bacia do Rio Paraíba do Sul traz mais do que apenas estatísticas, mas alerta para uma ação urgente: repensar políticas públicas, fortalecer instituições e proteger vidas e meios de subsistência, identificando os impactos de desastres sobre os municípios da bacia e contrasta esses resultados com a realidade da capacidade dos municípios em gestão do risco.

O artigo intitulado “Impactos Socioeconômicos de Desastres na Bacia do Paraíba do Sul: Uma Análise de 2003 a 2022”, recentemente publicado no Dossiê “Desastres” da revista Climacom da Universidade Estadual de Campinas, foi liderado pela economista Lucía Calderón, que é também bolsista PCI do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) – unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnología e Inovação (MCTI).

O trabalho científico contou com o apoio do pesquisador e sociólogo do Cemaden, Victor Marchezini, e da doutoranda Paula Oda, do Programa de Pós-Graduação em Ciência do Sistema Terrestre (PGCST/INPE). O estudo é um dos resultados do projeto COPE (Capacidades Organizacionais de Preparação para Eventos Extremos), que tem o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Processo: 22/02891-9), coordenado por Victor Marchezini.

“O cenário é desafiador, especialmente porque a região é composta em sua maioria por municípios de pequeno porte (menos de 5.000 habitantes), que carecem de instrumentos eficazes de prevenção.”, enfatiza o pesquisador do Cemaden, Marchezini. O estudo aponta que, apenas 32% dos municípios da bacia possuem medidas preventivas implementadas em seus Planos Diretores Municipais, o que revela uma vulnerabilidade institucional que merece atenção.

Apesar de ser caracterizada por uma presença majoritária (88,4%) de municípios com uma população menor de 50 mil habitantes, a bacia foi considerada a sexta maior economia do Brasil em 2020.  A região enfrenta impactos significativos de desastres, especialmente no setor de serviços, essencial para a região, e que é particularmente vulnerável a enchentes e inundações. De 2003 a 2022, os prejuízos sofridos pelo setor privado alcançaram os R$ 4,119 bilhões, com representação de 56% do setor de serviços.

Com um total de 1.698 registros de desastres (em média quase 90 desastres por ano), predominantemente relacionados a eventos hidrológicos como inundações e enxurradas, o estudo destaca a vulnerabilidade humana na região. O ano de 2011, com mais de 900 vidas perdidas em Nova Friburgo e Teresópolis, é uma lembrança dolorosa dessa realidade, destaca o estudo.

O artigo intitulado “Impactos socioeconômicos de desastres na Bacia do Rio Paraíba do Sul: uma análise do período 2003-2022”, está disponível no endereço: https://climacom.mudancasclimaticas.net.br/impactos-socioeconomicos/

Fonte: Ascom/Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais – Cemaden/MCTI)