Quando todos já haviam terminado de falar e se preparavam para deixar a sala onde foi realizada entrevista coletiva das ministras do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, e do governador, Eduardo Riedel (PSDB), na manhã desta sexta-feira (28) em Corumbá, uma voz se levantou.
A voz em questão era do indígena Anízio Guilherme da Fonseca, da etnia Guató, que ainda tinha o que dizer para as pessoas os presentas, principalmente para as autoridades que haviam acabado de dar entrevista.
Com duas sandálias de aguape e um livro na mão, Anízio tomou a palavra para si. Pediu ajuda dos deputados federais Vander Loubet (PT) e Camila Jara (PT) para entregar um dos calçados à ministra Marina Silva, que negou a intermediação e pegou direto da mão dele. Uma sandália também foi entregue a Riedel.
Anízio então explicou entregaria apenas um pé do par para cada um dos dois, porque o outro eles teriam de pegar direto na aldeia Guató. “A outra vocês vão buscar lá nas aldeias guató. Vocês vão ter a responsabilidade de defender a resistência das nossas mulheres de fibra”.
Em resposta, o governador disse que iria junto de Marina pegar o outro par da sandália, ao que a ministra completou citando o a reflexão de um escritor e, e finalizou, cometendo um dos erros mais incômodos para os sul-mato-grossenses, a falta do “Sul”, no nome do estado.
“Eu vi aqui um símbolo de muitos interessantes. Tem uma frase de um escritor que diz que a gente é tudo anjo de uma só asa. Só consegue voar se estiver abraçado. Agora você me ensinou que nós somos pessoas de uma só perna e só conseguimos caminhar se estiver abraçado. Eu quero continuar abraçada com o Mato Grosso”, disse ministra que teve a palavra completada com “do “Sul”.
Entrevista – Após sobrevoar o Pantanal de Corumbá na manhã desta sexta-feira (28), as ministras do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, e do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, concederam entrevista coletiva e atribuíram a ação criminosa humana como a principal responsável pelo alto índice de incêndios na região.
“Os incêndios que estão acontecendo agora, eles têm uma junção perversa: mudança do clima, escassez hídrica severa e o desmatamento com uso de fogo. É isso que está fazendo o que a gente veja o Pantanal em chamas”, comentou a ministra Marina Silva. A ministra destacou que a devastação do bioma é resultado de uma série de ações humanas que agravam as condições naturais já desfavoráveis.
Marina também enfatizou a responsabilidade das propriedades privadas na propagação dos incêndios. “Mão humana pode fazer muita coisa boa como estamos fazendo aqui, mas pode fazer também muitas coisas ruins, que é queimar um bioma único, como é o caso do Pantanal. 85% dos incêndios estão se dando em propriedades privadas. Os municípios que mais desmataram são os que mais têm incêndio. No caso de Corumbá, o ano passado tivemos um aumento de desmatamento de 50%, não por acaso está respondendo agora por 50% dos incêndios”, ressaltou.
Fonte: campograndenews