“Biomas do Brasil: diversidade, saberes e tecnologias sociais” é o tema da XII Feira Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação (FeMuCTI), que acontece na próxima , quinta-feira, 24, no Ciep 265 Municipalizado Profª Gladys Teixeira, em São João da Barra, das 9h às 16h. Promovida pela Prefeitura de São João da Barra, por meio da Secretaria Municipal de Educação, em parceria com o Instituto Federal Fluminense (IFF) – Campus São João da Barra, o Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro (Fundação Cecierj) e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, a feira é aberta ao público e contará com a participação de 12 escolas do Ensino Fundamental – Anos Finais, além do IFF.
O tema da feira reflete a urgência de reconhecer, valorizar e proteger a rica biodiversidade brasileira, bem como os conhecimentos tradicionais das comunidades que habitam estes biomas. A proposta também destaca o papel transformador das tecnologias sociais desenvolvidas a partir desses saberes, voltadas para soluções sustentáveis e inclusivas.
Serão apresentados 12 projetos do Ensino Fundamental – Anos Finais e mais três projetos do Instituto Federal Fluminense (IFF), totalizando 45 expositores. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Serviços Públicos também marcará presença, além do Clube de Astronomia Louis Cruls, coordenado pelo professor da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), Marcelo Souza.
Para a secretária de Educação, Angélica Rodrigues, “a XII FeMuCTI proporciona aos nossos alunos uma oportunidade única de conectar o aprendizado teórico à realidade ambiental do nosso país. Ao explorar a biodiversidade dos biomas brasileiros, eles ampliam sua compreensão sobre preservação e inovação, desenvolvendo um olhar mais crítico e consciente para os desafios que enfrentaremos no futuro. Eventos como este são fundamentais para inspirar novas gerações a se tornarem protagonistas na construção de soluções sustentáveis”.
Um adolescente de 16 anos ficou ferido após perder o controle da motocicleta e colidir contra o muro do salão de festas da Irmandade Nossa Senhora da Penha, em Atafona, distrito de São João da Barra, por volta das 11h30 desta quinta-feira, 17.
De acordo com informações do SAMU, o adolescente foi socorrido pela equipe do Resgate e encaminhado ao Hospital Ferreira Machado, em Campos.
São João da Barra terá ponto facultativo nas repartições públicas municipais nesta terça-feira, 15 de outubro, em homenagem ao Dia do Professor. O decreto assinado pela prefeita Carla Caputi foi publicado no Diário Oficial, edição nº 193, de 11 de outubro.
O ponto facultativo permitirá, de acordo com o decreto, aos servidores públicos e à comunidade escolar refletir sobre a importância da educação e das práticas pedagógicas, considerando também que a valorização do professor contribui para a motivação e o engajamento desses profissionais, impactando positivamente a qualidade da educação oferecida.
Estão excluídos da medida os setores responsáveis pelos serviços públicos essenciais ou indispensáveis, cujas atividades não podem ser paralisadas.
A Polícia Civil cumpriu um mandado de prisão contra um homem de 59 anos acusado de estuprar uma menina de 12 anos, na manhã deste domingo (13), na Rua Doutor João Manoel Alves, no Centro de São João da Barra, onde o acusado reside com a esposa e o filho. A menina ficava na residência sendo cuidada pela esposa do acusado.
Policiais civis da 145ª DP, sob a coordenação do delegado Titular Dr. Sergio Elias Santana Junior, efetivaram o cumprimento de mandado de prisão temporária expedido pela Comarca de São João da Barra em desfavor do acusado, pelo crime de estupro de vulnerável, de uma menina de 12 anos, que ficava na companhia do autor em razão de sua esposa ser a cuidadora desta.
De acordo com informações da 145ª DP de São João da Barra, após tomar conhecimento do fato através do registro de ocorrência, e dada a gravidade dos fatos, foi instaurado inquérito policial e logo após a realização das diligências imprescindíveis para apuração, como realização de exame pericial, e oitiva de testemunhas e relato da vítima, foi realizado um trabalho de campo e de inteligência para identificação do autor e descoberta de seu paradeiro.
Diante desses fatos, o delegado titular Dr. Sergio Elias Santana Junior representou pela prisão do suspeito, tendo seu pedido ratificado pelo Ministério Público, e no dia 11/10/2024 foi proferida a decisão deferindo a expedição de mandado de prisão pelo Juízo da Comarca de São João da Barra, o qual foi efetivamente cumprido nesta data.
A Polícia Civil solicita a colaboração de todos para tornarmos São João da Barra uma cidade cada vez mais segura. Denuncie pelo WhatsApp da 145ª DP São João da Barra – Tel.: (22) 98831-8025. O sigilo é garantido.
Pessoas jurídicas e entidades de natureza cultural privada com ou sem fins lucrativos de São João da Barra, interessadas em participar da seleção de projetos culturais com recursos da Lei Federal Aldir Blanc II, têm até o próximo dia 25 para efetuar a inscrição por meio do formulário do Google Forms, conforme link a seguir: https://bit.ly/facesperifericas.
Os projetos culturais deverão abranger apresentações de quatro manifestações artísticas e culturais, entre dança, teatro, música, literatura e artes livres. O objeto do Edital (disponível ao final da matéria) é a seleção de projetos culturais para receberem apoio financeiro, por meio da celebração de Termo de Execução Cultural, com o objetivo de incentivar as diversas formas de manifestações culturais do município de São João da Barra.
Ao preencher o formulário é necessário anexar os seguintes documentos: currículo cultural do proponente pessoa jurídica, cadastro de CNPJ, estatuto social e ata de constituição, em caso de associações, documentos pessoais do representante legal do proponente (CPF e RG), minicurrículo (minibio) dos integrantes do projeto e uma via da declaração conjunta e da lei geral de proteção de dados, conforme modelo disponível no anexo II, devidamente preenchido e assinado.
O ato de inscrição compreende o envio de formulário preenchido com dados do projeto e documentação: apresentação resumida da ação multicultural, relevância para o município e região periférica contemplada, objetivos, perfil cultural do proponente pessoa jurídica (ações e/ou projetos realizados com indicação de links, se houver), estimativa de público alcançado com o projeto, perfil de público-alvo, acessibilidade, plano de divulgação, data de realização do evento, cronograma de execução, orçamento detalhado e Planilha de Equipe.
O valor total disponibilizado é de R$ 54.611,92. Serão selecionados dois projetos de Ação Multicultural, que contemplará, pelo menos quatro modalidades artísticas, sendo que cada ação multicultural contemplada receberá o valor de R$ 27.305,96, para fomento.
A Defesa Civil em São João da Barra se mantém em alerta para a previsão, emitida pela Marinha do Brasil, de mar agitado na área oceânica (afastado da costa), com ondas de até 4 metros, e de ventos de até 74 km/h até sábado, 12. O trecho é entre Cabo Frio-RJ e Caravelas-BA.
A recomendação aos pescadores é evitar sair com as embarcações ao mar neste período. Em caso de rajadas, não é recomendado procurar abrigo embaixo de árvores.
A Secretaria Municipal de Segurança Pública coloca à disposição para emergência os seguintes números da Defesa Civil: 199; 2741-8370; 99915-3153 (ligações e whatsapp).
O Porto do Açu conquistou nesta quarta-feira, 9 de outubro, o Prêmio Mundial de Sustentabilidade da Associação Internacional de Portos (IAPH, na sigla em inglês), na categoria infraestrutura. Os outros finalistas foram a Gladstone Ports Corporation (GPC), empresa que administra e opera o porto de Gladstone, na Austrália, e o Porto de Bilbao, na Espanha.
O complexo porto-indústria brasileiro obteve o reconhecimento com o case do hub de hidrogênio e derivados de baixo carbono. O hub do Porto do Açu recebeu uma Licença Prévia inédita do Governo do Rio de Janeiro em janeiro deste ano.
O Açu foi o único porto da América Latina a conquistar o IAPH Sustainability Awards 2024, o mais importante reconhecimento mundial para as melhores práticas de sustentabilidade no setor portuário. A premiação foi realizada durante a Conferência Mundial de Portos da IAPH, em Hamburgo, na Alemanha.
“O projeto mostra nossa jornada para estabelecermos um hub de hidrogênio de baixo carbono no Sudeste brasileiro, destacando a importância estratégica dos portos na integração dos diversos componentes necessários para a descarbonização dos setores marítimo e portuário”, ressalta Vinicius Patel, diretor de Administração Portuária do Porto do Açu.
O objetivo é desenvolver uma plataforma integrada de produção de hidrogênio renovável e de baixo carbono, ligada a unidades de produção de amônia e metanol. O hidrogênio produzido no Porto poderá ser exportado ou utilizado como insumo para futuros clusters industriais de produtos de baixo carbono a serem estabelecidos no Açu.
O hub foi planejado para garantir a viabilidade ambiental e social de um cluster de um milhão de metros quadrados com capacidade de 3,7 GW, integrado à infraestrutura portuária e às áreas industriais do Açu. Em agosto e setembro deste ano, o Porto do Açu assinou os dois primeiros contratos de reserva de área para o hub com as empresas Fuella AS e HIF Global, respectivamente.
O Açu é o maior complexo industrial portuário privado da América Latina, com disponibilidade de água de múltiplas fontes – um fator chave para projetos de hidrogênio – e infraestrutura de exportação. O empreendimento também está conectado ao Sistema Interligado Nacional (SIN) e pode desenvolver projetos 100% renováveis on-grid e off-grid, oferecendo energia certificada para atender às exigências da União Europeia.
Essa é a 4ª vez que o Porto do Açu conquista o Prêmio Mundial de Sustentabilidade da IAPH.
A Secretaria de Saúde de São João da Barra, por meio da Coordenadoria de Vigilância Sanitária, realizará treinamento em cuidados de higiene e saúde para os ambulantes cadastrados no município que atuam na área de alimentos.A data será 15 de outubro, às 14h, no Auditório Municipal, e os interessados podem efetuar a inscrição do link: https://forms.gle/PtySduimu3kLuRwG7.
O prazo final para se inscrever é 13 de outubro ou quando forem preenchidas as vagas. O objetivo é treinar o manipulador de alimentos que trabalha como ambulante sobre noções básicas de higiene e saúde do trabalhador. Este é o terceiro treinamento e, para esta etapa, são disponibilizadas 70 vagas.
Entre os temas que serão abordados estão: “Noções básicas sobre manipulação higiênica dos alimentos” e “Cuidados de saúde do trabalhador que atua na área de alimentos”. O treinamento será ministrado pelos médicos veterinários Guilherme Figueiredo e Rodrigo Luis Calcaterra e pelos auditores fiscais da Vigilância Sanitária, o médico veterinário Rafael Costa e a nutricionista Keila Bacelar.
“O intuito da Vigilância Sanitária é certificar os ambulantes que participam do evento atestando que estão treinados a ofertar um produto mais seguro, prevenindo uma contaminação alimentar, por exemplo. Os certificados devem ser fixados nas barracas de maneira visível. Dessa forma, os clientes podem usar este critério para escolher quais produtos consumirão nos eventos de rua do nosso município”, explicou a coordenadora municipal de Vigilância Sanitária, Sâmia Damas.
Secretário de Pesca de São João da Barra, Mauro Sérgio Chrysostomo morreu nesta terça-feira (08), aos 57 anos. A informação foi repassada pela prefeita Carla Caputi (União), que, além de lamentar a perda, decretou luto oficial de três dias. Ele atuou como oficial da Marinha na Agência da Capitania dos Portos em SJB e, desde então, sempre esteve no município.
— Aposentado da Marinha do Brasil, Mauro vinha contribuindo com a Secretaria de Pesca e Aquicultura desde 2022, auxiliando na documentação de registro das embarcações dos pescadores de nosso município. Em abril deste ano, ele assumiu o cargo de secretário da pasta, desempenhando suas funções com dedicação e compromisso — relatou Caputi.
Ele estava internado no Hospital Naval Marcílio Dias, no Rio de Janeiro, para tratamento de uma pneumonia e outras complicações, mas não resistiu. Segundo amigos que ele fez ao longo dos anos em SJB, Mauro era casado e tinha filhos. Sua família reside em Duque de Caxias. Não há informações, até o momento, sobre velório e sepultamento.
Na região, o nível do mar já subiu 13 centímetros —e a previsão é que atinja média de 16 cm até 2050, podendo variar de 12 cm a 21 cm.
O problema é impulsionado pelo aquecimento global e também está ligado a outros processos —naturais e por interferência humana—nas últimas décadas.
‘Perdi duas casas’
Sônia Ferreira, 80, é uma moradora que não perdeu apenas uma, mas duas casas. Apesar disso, ela não se vê morando em outro lugar. Nascida em Campo dos Goytacazes, a 40 km de Atafona, mudou-se para o distrito há 27 anos.
Desde os 8 meses de vida, vinha para Atafona porque meu avô tinha casa aqui. Criei uma memória afetiva muito grande com o lugar. Dizia que, quando ficasse velha, me mudaria. E assim fiz em 1997, após enfrentar um câncer. Vim para cá buscando qualidade de vida melhor. Aqui criei memórias com meus amigos e família durante toda a vida. Sônia Ferreira
Ela se mudou para uma casa que a família tinha havia 46 anos e que serviu como casa de veraneio antes de tornar-se a residência oficial de Sônia.
“Meus filhos nasceram e foram acostumados com esse lugar. Depois, vieram os netos. Então, Atafona é um lugar onde a gente tem muitas lembranças boas, apesar da tristeza que estamos vivendo hoje.”
Sônia diz que, no passado, o mar era uma visão distante. “Não víamos o mar e nossa casa era de esquina. Na década de 1960, percebíamos que ele vinha avançando, mas achávamos que iria demorar para atingir nossa casa. Considero que foi um tempo muito curto para ter um avanço do mar tão violento.”
Os primeiros indícios de que o mar avançava rapidamente começaram em 2008. Um prédio de quatro andares —e o único de Atafona — caiu. Sônia lembra que a destruição do edifício foi lenta.
Não foi uma onda avassaladora, veio roendo por baixo até que a construção caiu sobre ela mesmo. Eu assistia à deterioração dele e meus filhos ficaram apreensivos, querendo que eu saísse de casa porque seria a próxima. Falei que só no dia que o mar chegasse no muro que tinha em frente à casa. Demorou 11 anos, mas ele chegou. Sônia Ferreira
O muro da casa em que Sônia morava caiu em 2019, depois de o mar engolir todos os três quarteirões que estavam à frente. Sônia se mudou para uma casa que ficava atrás da residência original, mas em 2022 decidiu destruir aquilo que um dia chamou de lar.
“Começou a bater onda e percebi que não dava mais para ficar. Tínhamos a esperança de que alguma coisa poderia ser feita, mas não teve jeito. Decidimos por tombar porque era um risco deixá-la em pé sendo ruída por baixo”, conta.
É um processo muito difícil, dolorido, que ainda estamos digerindo. Assisti ao mar avançando, entrando pelo terreno e corroendo tudo por baixo. Aqui, a gente assiste à terra descendo. Sônia Ferreira
Hoje, Sônia mora na casa da filha, a três quarteirões do mar. A casa anterior não foi consumida pelo mar, mas pela areia. “Formou uma duna na frente de casa e a areia não parava de entrar. Eu tocava meu corpo e era só areia.”
Ela atualmente é presidente de uma associação para remediar os problemas dos moradores de Atafona. Estima-se que, até agora, em torno de 500 casas foram destruídas.
“O prejuízo financeiro é grande, mas o emocional é muito maior. Porque não tem o que fazer contra a natureza no momento em que as coisas estão acontecendo.”
Deixar Atafona, por sua vez, está fora de cogitação. “De jeito nenhum. Amo e me sinto muito feliz aqui. Não tenho vontade de sair. Não é porque perdi minha casa que não quero mais saber de nada. A gente se indispõe, mas temos uma comunidade que quer e precisa continuar.”
‘Vejo o preço do peixe aumentando’
Assim como Sônia, Fernanda Pires, 48, escolheu Atafona como lar, há 25 anos. Nascida em Goiânia, ela acabava de se separar e levou consigo a mãe, que morreu em 2011, e o filho, que na época tinha 1 ano.
“Quando chegamos aqui, como já tínhamos experiência no ramo da gastronomia, me juntei com a minha mãe e vendíamos pizza e salgadinho na rua. Fomos nos virando até começarmos com a cooperativa.”
Fernanda comanda a Cooperativa Arte Peixe, formada apenas por mulheres. As cooperadas transformam a carne do pescado em produtos de valor agregado, como linguiças. É uma opção de renda para as mulheres de Atafona.
Mas o avanço do mar também tem mostrado impactos no trabalho delas.
“Hoje, os pescadores já não conseguem mais descarregar o peixe onde faziam antes, porque o lugar foi engolido. Ali também tinham os frigoríficos, que aos poucos estão ficando debaixo d’água. Com essa dificuldade de descarregar, acabam indo para outros lugares, como Macaé, encarecendo o produto.”
“Está caro para o pescador ir para o mar”, diz ela. A cooperativa está a cerca de três quarteirões do avanço do mar, segundo Fernanda.
Não está tão longe e isso nos deixa pensativas. Fica um ponto de interrogação sobre como será o nosso futuro. Tenho duas netas que moram aqui, uma de 3 anos e outra de seis meses, e fico pensando como será para elas. Fernanda Pires
Problema não é só avanço do mar
A questão de Atafona não se deve exclusivamente ao aumento do nível do mar.Há pelo menos outros dois fatores que contribuem para o cenário: a geografia de Atafona e a diminuição da vazão do Rio Paraíba na foz do Atlântico — tendo esse último sido causado pela construção de barragens.
Já houve processos erosivos semelhantes antes, mas na década de 1950 voltou a acontecer de forma acentuada com causas regionais e globais. A vazão do Rio Paraíba diminuiu por conta de barragem e transposição, trazendo menos água para a foz. Isso diminuiu a força hidráulica do rio e permitiu o avanço do oceano. O rio funciona como uma barreira para o avanço do mar. Globalmente, as ressacas estão mais intensas, e isso aumenta o nível do mar, causando mais erosão em uma região muito plana. Gilberto Pessanha Ribeiro, doutor em Geografia pela UFF e consultor técnico na CartoGeo
Segundo o pesquisador, cuja família também teve três casas destruídas pela erosão, não há como fazer grandes construções em zonas costeiras de Atafona, porque é questão de tempo até que elas sejam destruídas.
A melhor proposta, para ele, é fazer um planejamento urbano de coexistência da população com a erosão.
Investir em obras de grande porte para conter erosão não é a solução. Não só porque a obra e a manutenção são caras, mas a médio e longo prazo é um fracasso. Não há como combater o que já está acontecendo. A coexistência com esses processos é o que as mudanças climáticas impõem. Gilberto Pessanha Ribeiro
Coexistindo com a erosão
A coexistência com a erosão é um dos eixos principais da Casa Duna, o Centro de Arte, Pesquisa e Memória de Atafona criado pelos pesquisadores Fernando Codeço e Julia Naidin.
Esses processos naturais interferem na criação da memória e na cultura das pessoas. Há um adoecimento psicológico e afetivo e, por isso, buscamos trabalhar com a valorização do território. Fernando Codeço
Fernando também cresceu nas imediações de Atafona —os pais são de Campos do Goytacazes e os avós, de São João da Barra. Ele e a mulher decidiram morar no distrito em 2017, quando fundaram juntos a Casa Duna.
Ali é um convívio em compasso de espera. A pessoa sabe que vai perder a casa –pode ser daqui um ano ou dez. É uma situação grave de perdas materiais, afetivas e culturais, que demandam também políticas públicas. Fernando Codeço
Entre os projetos criados pela Casa Duna, está o Museu Ambulante, que, por meio de uma bicicleta, levou o acervo fotográfico de Atafona para a população, contando a história do próprio distrito.
Não poderemos viver da mesma maneira: vamos ter de mudar hábitos e conviver com catástrofes cada vez mais frequentes. Observar o que acontece em Atafona há mais de 50 anos pode nos ajudar a pensar em maneiras de nos adaptarmos. Fernando Codeço
O alerta da ONU
A projeção de aumento do nível do mar faz parte de relatório divulgado pelas ONU no fim de agosto. O documento foi descrito pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, como um “um SOS para o aumento do nível do mar”.
No Brasil, além da Atafona, o alerta da ONU vale também para a cidade do Rio. O relatório destaca que o aumento do nível dos oceanos pode ter consequências devastadoras para as populações, além de prejuízos às economias.
A simulação para o Brasil usou projeções feitas pelo IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), considerando diferentes cenários de aquecimento (de 1,5°C a 5°C).