Um guarda municipal foi afastado “preventivamente” do trabalho nas ruas após a divulgação de imagens (veja acima) em que aparece agredindo torcedores do Botafogo na saída do Estádio Nilton Santos (Engenhão), na Zona Norte do Rio.
A confusão foi após a goleada, por 5 a 0, do time sobre o Peñarol pela Copa Libertadores, na noite de quarta-feira (23).
Imagens de câmeras de segurança mostram que um homem chegou a desmaiar depois de ser atingido pelo cassetete no rosto.
O homem, um motorista de aplicativo de 46 anos, ficou com a face muito inchada e cuspindo sangue. Ele está internado no Hospital Municipal Salgado Filho (veja, no fim da reportagem, fotos de como ele ficou – as imagens são fortes). O estado de saúde dele é estável.
Sequência de agressões
O vídeo, gravado em uma rua ao lado do estádio, mostra que muitos botafoguenses estavam com a mão para o alto e tentavam proteger o rosto.
Um deles, que aparece de camisa clara, fala com um dos guardas, com os braços para o alto e abertos. Não há, nas imagens, nenhum esboço de agressão por parte dele e também não é possível saber o que os dois falam.
O guarda chega a dar um leve empurrão no homem, para afastá-lo, mas o torcedor segue andando e falando. Nesse momento, o um outro guarda entra no meio dos dois e agride o botafoguense com o cassetete no rosto. O homem desaba no asfalto, desacordado.
Mesmo guarda agride outro homem duas vezes
Um outro torcedor, que é visto em uma cena anterior levando pancadas do mesmo guarda com o cassetete, sem reagir, aparece nas imagens de chapéu preto. Ele está na calçada e observa toda a cena em que o outro homem cai desmaiado.
Esse mesmo guarda, então, olha para ele e parte para cima. Ao chegar perto, dá um um tapa em seu rosto.
O botafoguense segue sem reagir, com os braços para trás, apenas mexendo a cabeça. O agente municipal é puxado por outros guardas para sair dali.
Enquanto isso, diversos botafoguenses se aglomeram em volta do homem desmaiado para prestar socorro. Muitos discutem os guardas.
‘Foi o mais covarde de todos’, diz testemunha
O g1 conversou um dos torcedores que ajudou a socorrer o homem desmaiado. A vítima foi levada para o interior de um condomínio, onde cuspiu muito sangue.
“Isso devia ser cobrado criminalmente. Ele foi o mais covarde de todos, agrediu várias pessoas, inclusive mulheres. A guarda sequer ligou para o rapaz. Ele poderia ter morrido”, afirma o torcedor.
Segundo ele, a agressão começou por causa da aglomeração de botafoguenses.
“Os torcedores estavam saindo da arquibancada da Leste e, como em qualquer jogo, paravam na rua pra comemorar. A Guarda, de forma covarde, começou a bater pra dispersar a galera numa rua que estava fechada para carros. Foi uma covardia sem a menor necessidade por parte da Guarda Municipal.”
“Aquilo foi tentativa de homicídio. Bater com um cassetete no rosto de uma pessoa com a força que foi, surreal. Sem o menor motivo”, diz a testemunha.
O que diz a Guarda
Procurada, a Guarda Municipal disse que “houve um conflito entre torcedores do Botafogo e equipes do Grupamento de Operações Especiais (GOE) na dispersão do jogo entre Botafogo e Penarõl. Diversos objetos, como pedras, garrafas e lixeiras públicas, foram arremessados contra os agentes, que atuaram para dispersar o tumulto com equipamentos não letais”.
A GM continua e diz que “um dos torcedores foi atingido com bastão durante a ação. Em seguida, ele foi socorrido com apoio dos guardas do GOE”.
O torcedor diz que o homem foi socorrido por torcedores, que jogaram os objetos para se defender e abrir espaço para socorrer a vítima.
Enquanto isso, a Guarda Municipal diz que chegou a chamar o Corpo de Bombeiros, mas que uma equipe médica que atuava no local chegou primeiro.
“A Corregedoria da Guarda Municipal vai apurar se houve excesso na abordagem. Mas, preventivamente, o agente foi afastado das ações nas ruas”, encerra o posicionamento.
Fonte: G1