Morreu neste sábado, 06, no Rio de Janeiro, aos 91 anos, o escritor Ziraldo, criador de personagens famosos como “O Menino Maluquinho” e “Turma do Perecê”. A informação foi confirmada pela família do desenhista.
Nascido no dia 6 de abril de 1932, no Rio de Janeiro, Ziraldo Alves Pinto foi um cartunista, chargista, pintor, escritor, dramaturgo, cartazista, caricaturista, poeta, cronista, desenhista, apresentador, humorista e jornalista brasileiro. É um dos mais conhecidos e aclamados escritores infantis do Brasil. Ziraldo é pai da cineasta Daniela Thomas e do compositor Antonio Pinto. Ziraldo passou sua infância em Caratinga, no Rio de Janeiro. Estudou dois anos no Rio de Janeiro e voltou a Caratinga, tendo concluído o módulo científico (atual ensino médio). Formou-se em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais em 1957. Seu talento no desenho já se manifestava desde essa época, tendo publicado um desenho no jornal Folha de Minas com apenas 6 anos de idade.
Começou a trabalhar no jornal Folha da Manhã (atual Folha de S.Paulo), em 1954, com uma coluna dedicada ao humor. Ganhou notoriedade nacional ao se estabelecer na revista O Cruzeiro em 1957 e, posteriormente, no Jornal do Brasil, em 1963.
Seus personagens (entre eles Jeremias, o Bom; a Supermãe e o Mirinho) conquistaram os leitores.Em 1960 lançou a primeira revista em quadrinhos brasileira feita por um só autor, Turma do Pererê, que também foi a primeira história em quadrinhos a cores totalmente produzida no Brasil. Embora tenha alcançado uma das maiores tiragens da época, Turma do Pererê foi cancelada em 1964, logo após o início do regime militar no Brasil.
Em 1960 recebeu o “Nobel” Internacional de Humor no 32º Salão Internacional de Caricaturas de Bruxelas e também o prêmio Merghantealler, principal premiação da imprensa livre da América Latina.
O ex-presidente da República José Sarney, 94 anos, tomou posse como acadêmico do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal.
Durante o evento privado que ocorreu na casa de Sarney, em Brasília, o ex-chefe do Executivo contou que foi o primeiro parlamentar a se mudar para a nova capital federal, em dezembro de 1959. Na época, viveu na SQS 105. “Passei 64 anos de minha vida em Brasília”, relatou.
O Instituto Histórico de Geográfico do DF tem objetivo de coletar e preservar materiais que preservam evolução de Brasília desde sua construção, através do estudo da geografia, genealogia e antropologia local.
Na cerimônia, o ex-chefe do Executivo federal também lembrou de momentos da transição da ditadura para a democracia. Sarney foi o primeiro presidente civil do Brasil após o regime militar, entre 1985 e 1990. Assumiu o cargo após o presidente eleito, Tancredo Neves, morrer antes da posse.
O evento ocorreu na residência do ex-presidente porque ele se recupera de uma queda grave na qual quebrou a clavícula, braço e costela.
No Instituto Histórico e Geográfico do DF, Sarney vai ocupar a cadeira 41, do patrono Josué Montello, escritor maranhense que era amigo do ex-presidente. Montello foi embaixador do Brasil na Unesco e atuou para conquistar o reconhecimento de Brasília como Patrimônio Cultural e Arquitetônico da Humanidade.
O governo do Rio anunciou nesta sexta-feira (5) que criou uma força-tarefa para fazer a “sucção do poluente” que está contaminando a água de rios. O poluente tolueno parou abastecimento de água em Niterói, São Gonçalo e outras regiões desde quarta-feira (3).
“Foi definido que Inea, Cedae e Petrobras vão ceder maquinário para realizar a sucção do poluente que está contaminando a água dos rios. A Petrobras e a Transpetro se comprometeram a disponibilizar equipamentos como barreiras de contenção, recolhedores de oleofílico e vertedouro e mantas absorventes”, diz a nota do governo.
Já são mais de 48 horas de suspensão da operação no sistema Imunana-Laranjal, e a Cedae não tem previsão de normalização do abastecimento. Cerca de 1,7 milhão de pessoas são afetadas.Foi estabelecido um plano de ação para conter o derramamento do composto químico nos rios Rio Guapiaçu, em Guapimirim, que abastecem parte da Região Metropolitana.
A mobilização envolve as secretarias de Estado do Ambiente e Sustentabilidade, da Polícia Civil, da Polícia Militar, o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), a Cedae, a Petrobras e as concessionárias Águas do Brasil e Águas do Rio.
“Estamos unindo esforços para encontrar uma solução conjunta, com a contribuição de cada instituição. Nosso objetivo é normalizar a distribuição de água o mais rápido possível”, disse o secretário do Ambiente, Bernardo Rossi.
A Cedae já instalou uma barreira num canal onde foi constatada a contaminação, o que reduziu o índice de tolueno na água. Mas técnicos avaliaram que será necessário fechar o acesso de um outro canal onde também há indício de derramamento do produto.
Até o início desta tarde, testes indicavam que a água continuava imprópria para consumo. O sistema Imunana-Laranjal abastece as cidades de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, parte de Maricá (Inoã e Itaipuaçu) e a Ilha de Paquetá, no Rio de Janeiro. Uma equipe do Inea ainda tenta identificar a origem da contaminação.
Comboio de caminhões-pipaPela manhã, a concessionária Águas do Rio enviou um comboio com 10 caminhões-pipa para abastecer unidades de saúde de São Gonçalo e Itaboraí.
Moradores dessas regiões denunciaram cobranças abusivas no valor de caminhão-pipa. Segundo eles, a cobrança está chegando a R$ 1,5 mil. No início da semana, o mesmo caminhão custava cerca de R$ 400.
As escolas municipais de São Gonçalo estão com as aulas suspensas. Em Niterói, a maioria das escolas também ficou fechada nesta manhã. O que diz a Águas de NiteróiEm nota, a concessionária Águas de Niterói, responsável pela distribuição da água em Niterói, informou que o abastecimento em toda a cidade continua suspenso e sem previsão de retorno. A empresa reforçou que os clientes devem economizar água até que o abastecimento seja normalizado.
“A concessionária esclarece que não há nenhum risco de a população da cidade ter recebido água imprópria para consumo. A Cedae interrompeu o sistema antes da captação da água ser contaminada e garante que a operação só será retomada quando a água estiver totalmente adequada para o consumo humano. Antes de chegar às residências, a água distribuída pela concessionária passa por rigorosos testes, que comprovam o atendimento a todos os parâmetros de potabilidade exigidos pelo Ministério da Saúde”.
“Águas de Niterói segue acompanhando o processo de restabelecimento do sistema, incluindo as análises da água, controlando os reservatórios da cidade, e enviando comunicações aos clientes. Águas de Niterói está com 40 caminhões-pipa abastecendo os locais que prestam serviços essenciais”.
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin (PSB), foi diagnosticado com Covid-19 neste domingo (31/3). O político cancelou a agenda desta segunda-feira (1º/4).
O ministro está com sintomas leves e passa bem. Geraldo Alckmin ficará no Palácio do Jaburu, residência oficial da Vice-Presidência, em Brasília, para se recuperar da doença.É a segunda vez que Alckmin tem Covid. A primeira vez foi em maio de 2022, quando o político cancelou agendas da pré-campanha da chapa com o então pré-candidato à Presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Na última semana, Alckmin participou de encontros oficiais ao lado do presidente da França, Emmanuel Macron. Além da cerimônia de assinatura de atos relacionados ao Programa Nacional de Mobilidade Verde e Inovação (Mover) acompanhado de Lula.
O vice-presidente Geraldo Alckmin foi diagnosticado com Covid e, portanto, não cumprirá agendas na Vice-Presidência e no Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, na segunda-feira.O vice-presidente tem sintomas leves e passa bem. Ele permanecerá em casa, para uma pronta recuperação, de acordo com recomendação médica.
O golpe de 1964 foi resultado de uma crise que começou com a renúncia do presidente Jânio Quadros, em agosto de 1961, dando início a um período de grande instabilidade política no país.Com a renúncia de Jânio, assumiu o vice-presidente João Goulart, que era olhado com muita desconfiança pela elite econômica, parte da sociedade civil, o alto clero da Igreja Católica, grande imprensa e setores militares, que o consideravam comunista. Havia ainda a oposição de governadores de estados importantes, como Carlos Lacerda (Guanabara), Magalhães Pinto (Minas Gerais) e Adhemar de Barros (São Paulo).
O principal motivo para a oposição eram as chamadas Reformas de Base do governo, que propunham medidas como a reforma agrária de terras improdutivas, reformas urbanas, direito de voto aos analfabetos e reformas educacionais.
No começo de 1964, o clima azedou de vez e a temperatura política explodiu após grandes eventos que serviram para alimentar a conspiração contra o governo. O principal deles ocorreu no dia 13 de março, no Rio de Janeiro, e reuniu mais de cem mil pessoas em frente à Central do Brasil.O grande comício, que a princípio seria realizado na Cinelândia, foi recheado de discursos inflamados de Jango e outros políticos aliados em defesa dos trabalhadores e das classes populares. Na plateia, agitavam-se bandeiras em defesa dos partidos comunistas, das reformas e das centrais de trabalhadores.
O ponto alto do comício foi a assinatura de dois decretos presidenciais, um que dava o pontapé inicial no processo de reforma agrária em latifúndios considerados improdutivos e outro que tornava passível a desapropriação de refinarias de petróleo privadas.
No seu discurso, o presidente também anunciou a intenção de encaminhar ao Congresso Nacional o projeto da reforma urbana, o que provocava verdadeiro pavor na classe média, que temia perder os seus imóveis alugados para inquilinos.
Havia uma preocupação grande dos militares e dos setores conservadores de que o Brasil pudesse, eventualmente, tornar-se um país comunista. Nunca se chegou perto disso. Havia o apoio das esquerdas a João Goulart, mas passava longe de ser um governo comunista ou que quisesse dar um golpe”, explica o jornalista e historiador Oscar Pilagallo.
Marcha contra Jango
A reação da oposição civil ao comício da Central veio em 19 de março, com a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, organizada por associações de senhoras católicas ligadas à Igreja conservadora. Cerca de 500 mil pessoas desfilaram pelas ruas de São Paulo, em uma clara demonstração de insatisfação com as propostas reformistas.
O golpe apenas deu certo, explicam os estudiosos, porque os rebeldes fardados contaram com o apoio de setores econômicos e políticos que deram sustentação aos movimentos que resultariam na ditadura.
Os militares nunca agiram sozinhos. Houve uma articulação com setores antidemocráticos na sociedade civil. Por isso, a terminologia correta para o que ocorreu em 1964 é golpe civil-militar”, explica o cientista político Paulo Ribeiro da Cunha, professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Havia também a questão econômica. As instabilidades políticas também derivam das crises econômicas e vice-versa. “Em 1964, o país vivia um período de grande instabilidade econômica, com crescimento limitado e aceleração da inflação, o que culminou na implantação do regime militar”, explica o professor da USP Antonio Lanzana.
Para o economista Carlos Honorato, professor da FIA Business School, entre 1961 e 1963 o Brasil enfrentava uma espécie de ressaca do governo Juscelino Kubitschek (1956-1961), uma fase de muito otimismo e euforia, com a inauguração de Brasília, o desenvolvimento da indústria no Brasil, o plano de metas de JK e um sentimento de que o Brasil finalmente encontraria o rumo do desenvolvimento.
“Essa ressaca começou com a renúncia de Jânio Quadros à presidência da República e jogou o país em um turbilhão de emoções que chegaria à deposição de Jango”, diz Honorato, destacando que, na mesma época, o Brasil começava a sentir os efeitos da sua doença mais incômoda: a inflação.Se a economia ajudou a empurrar o país para a ditadura, o contexto econômico também ajudou a sair dela.
“Desde o fim do ‘milagre econômico’ – crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no período ditatorial em taxas anuais superiores a dois dígitos –, o país vinha amargando recessão e aumento da inflação, o que exigiu dos militares a criação de mecanismo para um lento retorno à esfera democrática”, explica o historiador Rafael Maranhão, professor do Colégio Presbiteriano Mackenzie Brasília.
Militares na política
A ascensão dos militares ao poder poderia ter ocorrido bem antes de 1964. Dez anos antes, o ex-presidente Getúlio Vargas já enfrentava uma situação semelhante à de João Goulart: inquietação nas Forças Armadas aliada a uma forte insatisfação das elites econômicas e políticas, estas últimas capitaneadas pelo líder da oposição, Calos Lacerda.
Os discursos incendiários de Lacerda e os editoriais publicados em seu jornal, a Tribuna da Imprensa, contribuíam para alimentar os conspiradores durante a era Vargas e nos anos seguintes.
O golpe já poderia ter ocorrido bem antes. Minha tese é de que ele foi tentado pela primeira vez em 1954, e só não foi consumado por causa da comoção nacional em torno do suicídio de Getúlio Vargas”, ressalta o escritor, jornalista e historiador Oscar Pilagallo.
O historiador Rafael Maranhão, professor do Colégio Mackenzie Brasília, destaca que, após a vitória de Juscelino Kubitschek, em 1955, houve um movimento nos meios militares para tentar impedir a posse do novo presidente.Conhecida como Revolta de Jacareacanga, a alegação para a insurreição militar, alimentada pela permanente teoria conspiratória de Carlos Lacerda, era de que teria ocorrido fraude nas eleições, o que nunca ficou provado. A empreitada só não teve sucesso graças à forte atuação do marechal Henrique Teixeira Lott, em defesa da legalidade, e a posse de JK transcorreu normalmente, no começo do ano seguinte.
A inquietação nos meios militares, porém, é muito mais antiga e, segundo Pilagallo, remonta à Guerra do Paraguai (1864-1870).”Com a vitória do Brasil, os militares ficaram em grande evidência, mas não tinham o prestígio político correspondente ao que tiveram nos campos de batalha. A partir daí começaram a tentar influenciar na política”, explica Pilagallo, citando fatos que se sucederam, como o papel dos militares na queda do Império e começo da República, e o movimento tenentista no começo do século 20.
Ex-vice-presidente da República, o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) exaltou neste domingo, 31, o golpe de Estado que mergulhou o País numa ditadura militar entre 1964 e 1985.
“A história não se apaga e nem se reescreve, em 31 de março de 1964 a Nação se salvou a si mesma”, escreveu o parlamentar sobre a investida militar que derrubou o então presidente João Goulart, o Jango, e cassou o mandato de políticos contrários ao novo regime.General da reserva do Exército brasileiro, Mourão presidiu o Clube Militar em 2018. Fundada em 1887, a associação reúne altos oficiais das Forças Armadas, divulgando anualmente uma nota em defesa ao golpe de 1964. No texto deste ano, a instituição elogiou a atuação do general presidente Humberto Castello Branco e de seus sucessores após “as Forças Armadas empreenderam o Movimento Cívico-Militar de 31 de Março”.
Setores das Forças Armadas costumam justificar o que chamam de “Revolução de 1964?
Como um freio a supostas ameaças de um iminente golpe comunista no Brasil naquela época. A versão não é amparada por fatos.
“Os golpistas vitoriosos tiveram amplas condições de investigar o governo deposto por meio de inúmeros inquéritos arbitrários e não acharam planos golpistas”, explicou em uma entrevista ao Estadão o historiador Carlos Fico, professor titular de História do Brasil da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Movimentos contrários ao golpe de 1964 costumam usar o dia 1º de abril para marcar o aniversário do evento, enquanto que aqueles favoráveis ao movimento usam o 31 de março.
Historiadores esclareceram ao Estadão que a disputa pela data é sobretudo política, com opositores ao golpe buscando vinculá-lo ao Dia da Mentira e defensores tentando refutar esse rótulo. Na prática, porém, a ação que depôs Jango começou em 31 de março e terminou na madrugada de 2 de abril.
Censura, tortura e assassinato de opositores ao regime militar marcaram a ditadura brasileira. Depois de 60 anos do golpe, familiares de vítimas do Estado ainda buscam respostas sobre o desaparecimento de seus entes queridos.Entre os dias 28 e 31 de março, o Estadão publicou uma série de reportagens especiais sobre o golpe militar. O material traz depoimentos e documentos inéditos que retratam o País nas décadas anteriores ao golpe de 64 e nos anos que se sucederam.
Ao menos sete ministros do governo Lula usaram seus perfis pessoais na rede social X (antigo Twitter) para repudiar a ditadura militar (1964 – 1985) e homenagear as pessoas que morreram neste período. Neste domingo (31) completam-se 60 anos do golpe militar.
O baixo número de manifestações de ministros — o governo tem 38 pastas — se alinha com a postura adotada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O petista esperava que tanto militares da ativa como seus auxiliares civis deixassem de falar do golpe militar para não acirrar ainda mais os ânimos entre o governo e as Forças Armadas.
Sob pressão de apoiadores, o presidente desautorizou ações do governo que relembrem a data para evitar atritos com as Forças. O ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, era um dos principais defensores de que houvesse eventos públicos de rejeição à ditadura militar. A pasta havia programado um ato para 1º de abril, mas, a pedido de Lula, cancelou o evento.
Almeida publicou um texto em seu perfil, na rede social X, no qual explicou “por que ditadura nunca mais”. O ministro listou seis motivos, dentre eles, “porque queremos um país institucional e culturalmente democrático”, “porque queremos um país em que a verdade e a Justiça prevaleçam sobre a mentira e a violência” e “porque queremos um país livre da tortura e do autoritarismo”.
“É preciso ter ódio e nojo da ditadura, como disse Ulisses Guimarães”, escreveu o ministro. O perfil da pasta não se manifestou no X. Também em seu perfil pessoal, o ministro da Educação, Camilo Santana, lembrou e repudiou a ditadura militar, “para que ela nunca mais se repita”. “A mancha deixada por toda dor causada jamais se apagará. Viva a democracia, que tem para nós um valor inestimável”, escreveu.
O ministro-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, citou a ex-presidente Dilma Rousseff – a petista foi torturada em 1970, quando foi presa durante a ditadura militar. Messias é procurador da Fazenda Nacional e trabalhou no governo Dilma. Democracia sempre!!!”, afirmou. “Minha homenagem nesta data é na pessoa de uma mulher que consagrou sua vida à defesa da Democracia, Dilma. Que a Luz da Democracia prevaleça, sempre. Essa é a causa que nos move.”
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, prestou uma homenagem “a todos que perderam a vida e a liberdade, em razão da ruptura da democracia no dia 31 de março de 1964, que levou o País a um período de trevas”. Teixeira celebrou “Rubens Paiva, Wladimir Herzog e Manoel Fiel Filho, que lutaram pela democracia no Brasil”.
Chefe da Secretaria de Comunicação do governo, o ministro Paulo Pimenta registrou que “defender a democracia é um desafio que se renova todos os dias”. “Ditadura Nunca Mais!!”, anotou.
A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, homenageou “todas as pessoas presas, torturadas ou que tiveram seus filhos desaparecidos e mortos na ditadura militar”. “Que o golpe instalado há exatos 60 anos nunca mais volte a acontecer e não seja jamais esquecido”, anotou.
No X, a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, afirmou que “a ditadura promoveu um genocídio dos nossos povos e também de nossa cultura”. Segundo Guajajara, é preciso “refletir sobre um processo de reparação do Estado também em relação ao que aconteceu contra os nossos povos neste período”. “Através do Ministério dos Povos Indígenas, já promovemos espaços para pensar sobre uma Comissão Nacional Indígena da Verdade”, disse. “Esse é um debate necessário para o conjunto da sociedade. Só avançaremos com o fortalecimento da democracia e da Justiça.”
Em 1995, durante o primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso, o então governo instalou a Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP). O grupo, criado com o objetivo de reconhecer pessoas mortas ou desaparecidas durante a ditadura e despachar sobre pedidos de indenização de familiares, foi extinto no final do governo Jair Bolsonaro (PL), quando faltavam 15 dias para o ex-presidente deixar o Palácio do Planalto.
Uma vacina que previne câncer disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) de graça. Sonho? Não. Ela já existe. Estamos falando da vacina contra o HPV, um vírus associado a mais de 90% dos casos de câncer de colo do útero e fator de risco para desenvolvimento de câncer no ânus, pênis, vulva, vagina e de cabeça e pescoço (uma região conhecida como orofaringe).O imunizante está disponível no SUS desde 2014, quando foi incluído no Plano Nacional de Imunizações (PNI). Primeiro, foi oferecido só para meninas. Os meninos entraram para o público-alvo em 2017.No entanto, mesmo sendo gratuita e protegendo contra diversos tipos de câncer, a vacinação ainda não atingiu os índices esperados no país, principalmente entre os meninos (veja os números mais abaixo). Segundo especialistas, entre as motivações estão a desinformação e o preconceito.Depois da vacina contra a Covid-19, a da HPV está no topo da lista dos negacionistas e do movimento antivacina, segundo o pediatra e infectologista Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm). Eles justificam, por exemplo, que o imunizante pode estimular uma vida sexual mais precoce.”Negacionistas envolvem crenças religiosas, falam que as crianças vão começar a vida sexual mais cedo. A vacina não traz predisposição para a iniciação sexual. Os pais que fazem a vacinação dos filhos estão preocupados com a saúde”, diz o vice-presidente da SBIm.
Neila Speck, presidente da Comissão Nacional Especializada no Trato Genital Inferior da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), acredita também que existe muita desinformação sobre as doenças que o HPV pode provocar e esquecimento dos responsáveis sobre o esquema de duas doses do imunizante.”A pessoa ir até a unidade de saúde para vacinar também não é a melhor opção. O ideal é que fosse aplicado nas escolas, que foi a estratégia inicial quando a vacina chegou ao Brasil. A cobertura vacinal chegou a quase 100% naquela ocasião”, conta a ginecologista.
Cobertura vacinal no Brasil
Segundo o Ministério da Saúde, entre 2018 e 2024, 75,61% das meninas receberam a primeira dose, enquanto 58,19% retornaram para completar o esquema vacinal de duas doses. Já entre os meninos, o número é ainda menor: 52,86% receberam a primeira dose, e 33,12% a segunda.
A cobertura vacinal contra o HPV não é calculada por ano, pois a vacinação é feita em duas doses, com intervalo de tempo que pode variar. Por isso, o Ministério da Saúde costuma fazer um recorte por períodos.”A taxa recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é de que 90% das meninas sejam vacinadas até os 15 anos com o esquema completo [duas doses]. Estamos muito aquém desse número, principalmente nos meninos”, alerta Neila Speck, que também é professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Podem se vacinar de forma gratuita pelo SUS:Meninas e meninos de 9 a 14 anos
Pessoas de 9 a 45 anos em condições clínicas especiais, como as que vivem com HIV/Aids, transplantados de órgãos sólidos ou medula óssea e pacientes oncológicos (imunossuprimidos)
Vítimas de abuso sexual
Kfouri explica que a faixa etária de 9 a 14 anos também é prioridade em outros lugares do mundo e é recomendada pela OMS.
“A vacina é mais eficaz em jovens menores de 15 anos. Além disso, já que vamos vacinar contra um vírus de transmissão sexual, o ideal é imunizar antes da exposição a esse vírus. Com isso, o jovem vai ter a proteção completa antes de ter iniciado a vida sexual”, completa o infectologista.
Quem não está nessa lista também pode se vacinar na rede privada. Neste caso, ela é paga.”No Brasil, em bula, ela está liberada até os 45 anos [para mulheres], porém ela é segura em qualquer idade. Hoje se sabe que o risco de infecção pelo HPV se mantém toda a vida, incluindo na população adulta. Por isso, a indicação é de tomar a vacina mesmo quando estamos mais velhos”, orienta a ginecologista da Febrasgo.
O HPV e a importância da vacinação
O HPV é responsável por 99% dos casos câncer de colo de útero, o terceiro mais frequente entre as mulheres no Brasil, sem considerar os tumores de pele não melanoma. Atualmente, o câncer do colo de útero é considerado passível de erradicação, por meio da vacinação, rastreamento e tratamento das lesões.
Se a vacina é importante para o câncer do colo de útero, por que vacinar também os meninos? Como explicado no começo desta reportagem, a proteção se estende para outros tipos, como o câncer de pênis, ânus, orofaringe, vagina e vulva. Além disso, vacinando o público masculino, conseguimos interromper a cadeia de transmissão.
Estima-se que mais de 80% das pessoas serão infectadas pelo vírus HPV, que é altamente contagioso, em algum momento da vida, mas isso não significa que toda infecção vira câncer. Dados do Ministério da Saúde apontam que o HPV atinge 54,4% das mulheres que já iniciaram a vida sexual e 41,6% dos homens.
“O HPV causa muitas verrugas genitais e esse é o principal problema. É um vírus muito contagioso, tanto é que milhões de pessoas estão contaminadas com HPV e nem sabem. Por isso é tão importante fazer a vacina. Ela protege contra verrugas genitais, lesões pré-cancerosas e contra o câncer”, ressalta o urologista Zein M. Sammour, coordenador da disciplina de IST da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).
São cerca de 200 tipos de vírus descritos, alguns que infectam a região ano-genital, e cerca de 20 apresentam potencial de desenvolver certos tipos de câncer.
“A vacina quadrivalente que temos no SUS protege contra quatro tipos de vírus: 6 e 11, que são responsáveis por 90% dos condilomas acuminados, ou verrugas, são lesões totalmente benignas; e 16 e 18, que são os vírus que provocam quase 70% dos casos de câncer de colo uterino”, explica Neila Speck.
A rede privada já tem disponível a vacina nonavalente, que protege contra mais cinco tipos de vírus: 31, 33, 45, 52 e 58, aumentando a proteção em quase 90% dos cânceres de colo uterino.
Os preços dos medicamentos em todo o país devem ser reajustados em até 4,5% a partir deste domingo (31).Esse percentual, que funciona como um teto (valor máximo), foi definido pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) e publicado no Diário Oficial da União (DOU) desta quinta-feira (28).
Em nota, o Ministério da Saúde informou que o valor é o menor praticado desde 2020 e que o percentual “não é um aumento automático nos preços, mas uma definição de teto permitido de reajuste”.
As farmácias podem aplicar esses 4,5% de reajuste de uma vez ou “parcelar” esse aumento ao longo do ano. Mas, até março do ano que vem (quando a Câmara de Regulação deve soltar nova regra), farmácias e fabricantes não podem aplicar reajustes maiores que esse.Na resolução sobre o reajuste, o conselho informa que as empresas produtoras deverão dar “ampla publicidade” aos preços de seus medicamentos, não podendo ser superior aos preços publicados pela Câmara de Regulação no portal da Anvisa.
Para chegar ao índice, a CMED observa fatores como a inflação dos últimos 12 meses (IPCA), a produtividade das indústrias de medicamentos, custos não captados pela inflação, como o câmbio e tarifa de energia elétrica e a concorrência de mercado, conforme determina o cálculo definido desde 2005.
Sete dias se passaram desde a histórica noite do dia 22 de março, quando uma forte chuva atingiu várias cidades do Sul do Espírito Santo, deixando ao menos 20 mortos, milhares de pessoas sem suas casas e um rastro de destruição.
Treze municípios da região foram afetados e estão em situação de emergência. Em todos, ainda é possível ver muita sujeira e lama pelas ruas. Em meio ao caos, moradores tentam, aos poucos, reconstruir e se reerguer com o pouco do que restou. E a previsão é de mais chuva. No estado, pode chover entre 20 e 30 milímetros por hora ou até 50 mm/dia, com ventos intensos entre 40 e 60 km/h.
Além de vidas perdidas na tragédia das chuvas, o prejuízo passa pela perda de casas, roupas, móveis e documentos. Muitas famílias perderam tudo e se viram sem ter para onde ir. A força da água quebrou portões de ferro, derrubou casas inteiras, cobriu imóveis, além de arrastar dezenas carros e até caminhão do Corpo de Bombeiros.
De acordo com o boletim extraordinário divulgado pela Defesa Civil do Espírito Santo às 11h deste sábado (30), o temporal deixou ao menos 20 pessoas mortas e duas desaparecidas. Os óbitos foram registrados em Mimoso do Sul (18 mortos) e Apiacá (2 mortos). Essas duas cidades, aliás, foram as mais atingidas pelo temporal.
Além de mortos e desaparecidos, 11.352 pessoas tiveram que deixar suas casas, sendo que 11.087 ainda estão desalojadas (foram para residência de familiares ou amigos) e outras 265 estão desabrigadas, isto é, perderam o imóvel e foram encaminhados a abrigos públicos no Espírito Santo.
As cidades em situação de emergência são: Alegre, Alfredo Chaves, Apiacá, Atílio Vivacqua, Bom Jesus do Norte, Guaçuí, Jerônimo Monteiro, Mimoso do Sul, Muniz Freire, Muqui, Rio Novo do Sul, São José do Calçado e Vargem Alta.
Pelas ruas das cidades, a cena mais comum é a de moradores tirando a sujeira das casas e colocando tudo na calçada ou na rua. Num primeiro momento, a ideia é organizar a situação.
Misturado com lama e sujeira, restaram apenas pedaços de móveis, alguns eletrodomésticos que não têm mais utilidade e roupas. Tudo virou entulho jogado nas ruas. Em Mimoso do Sul, não há previsão para término da limpeza.
Na cidade, comerciantes também contabilizam seus prejuízos enquanto fazem a limpeza dos estabelecimentos. A maioria estima perda total de mercadorias e equipamentos.
“O teto está caindo na nossa cabeça, não conseguimos tirar as coisas, não tem da onde tirar nada para recomeçar, não sobrou nada! Acabou tudo. Eu perdi minha farmácia, foram 15 anos perdidos, é desesperador. Olha essa cidade, a gente precisa de ajuda”, lamentou Maythê Bullos, proprietária de uma farmácia em Mimoso.
No comércio de Nivaldo da Silva, a fábrica de picolés e sorvetes é que teve a maior destruição. Ele estimou uma perda de 100 mil unidades.
“Olha a situação: perdi dois congeladores, maquinário, estoque, 50 sacos de açúcar, câmara fria, material pra fazer açaí, e os picolés… 100 mil picolés. Agora é esperar em Deus, nem sei o que fazer”, disse.
Nesta semana, Dinomar dos Anjos, proprietário de uma loja de roupas no centro de Mimoso, teve que contar com a ajuda de amigos e familiares para retirar as mercadorias perdidas em seu estabelecimento. Ele estima prejuízo de R$ 1,2 milhão.
Dinomar dos Anjos, proprietário de uma loja de roupas no centro de Mimoso do Sul, estima um prejuízo de R$ 1,2 milhão de prejuízo em mercadoria.
Surpreendendo quem passava pelo local, ele mantinha um sorriso no rosto, mesmo diante de tamanha tragédia, e enquanto fazia esse trabalho ainda mantinha a esperança de conseguir reverter a situação.
“Meu estoque todinho foi embora. Perdi todas as coisas da minha loja, mas fica a vida. Nós temos a vida, o sopro de vida, vamos lutar e conseguir de novo. Só falo para todo mundo: ‘Temos esperança, Deus no coração, e vamos todos trabalhar que vamos conseguir”‘, disse Nivaldo.
Em Apiacá, cidade vizinha de Mimoso do Sul, a situação não é diferente. Pelas ruas, a cena é de destruição e ainda muita lama. Enquanto tentam limpar as casas, do lado de fora ficam amontoados os restos de móveis, alguns eletrodomésticos e roupas sujas.
A limpeza no município ainda vai demorar. Serão pelo menos mais dez dias, segundo a prefeitura, que está ajudando a recolher os materiais com a ajuda de tratores e caminhões. Até homens do Exército, que foram enviados para as cidades, entraram nessa guerra de reconstrução.
Em Alegre, outra cidade atingida pela forte chuva, há muitos desabrigados e desalojados. Na cidade. veículos foram arrastados e agora as famílias também limpam o que sobrou dentro de casa.
Mutirão de limpeza
Em meio ao cenário de destruição, a solidariedade ganhou vez. No olhos dos moradores, mesmo uma semana depois de tudo, há um misto de tristeza e confusão na tentativa de assimilar tudo o que eles enfrentaram nesses últimos dias. Mas também há esperança de que vão conseguir se reerguer.
E o que une todas essas cidades e os moradores são a força para recomeçar, as doações que começaram a chegar um dia depois do desastre natural e o apoio de voluntários.
Mas depois de sete dias, a limpeza de alguns municípios, como Mimoso do Sul e Apiacá, continua sendo um desafio para que os moradores consigam retomar a rotina normal. Mutirões estão acontecendo ao longo desses dias.
Neste sábado, por ordem do governador Renato Casagrande, 80 alunos soldados da Polícia Militar do Espírito Santo forem deslocados de Vitória para Mimoso do Sul para ajudar na limpeza.
“São 80 alunos que farão a desobstrução da praça central e vias do entorno para melhorar o fluxo na cidade. Todo mundo portando enxada, vassouras, carrinhos… Vamos deixar essa rua limpa e em condições para que as pessoas circulem”, explicou coronel Fabrício, do 3º Comando de Polícia Ostensiva Regional. A expectativa é que os alunos e também 4 suboficiais fiquem até segunda-feira (1º) na cidade.
Uma das voluntárias responsáveis pela mobilização on-line foi Lara Fraga. Por meio de uma publicação nas redes sociais, ela convocou familiares e amigos para participarem da ação em Mimoso. A voluntária Nathalya Vitoriano veio da cidade de Muqui, localizada ao lado do município de Mimoso.
“A gente vem mesmo cansada e exausta emocionalmente, porque temos os nossos problemas também… Mas nessa hora a gente esquece de tudo”, disse.
Além dos voluntários, as ações de limpeza da cidade contam ainda com tropas do 38° Batalhão de Infantaria do Exército Brasileiro, localizado em Vila Velha, na Grande Vitíoria. Os militares atuam nas cidades desde segunda-feira (25), após pedido do governador do Espírito Santo, Renato Casagrande.
Já a Marinha do Brasil cedeu um grupo com 83 fuzileiros (assista acima) para ajudar as comunidades mais afetadas, que está atuando em Mimoso do Sul e Apiacá desde quinta-feira (28).
O grupamento conta com 15 viaturas e as equipes já estavam trabalhando no desbloqueio de vias, transporte de suprimentos especiais, distribuição de água, e outras atividades desde quinta-feira.
Agradecimento à ajuda
A casa do pai do fisioterapeuta Alexandre Repinaldo foi invadida pela força da água. Todos os móveis e eletrodomésticos foram perdidos. Emocionado, o profissional disse que seria impossível fazer todo o trabalho sozinho. Ele mora em Mimoso do Sul.
“Eu agradeço do fundo meu coração. Fico até emocionado. A gente perdeu tudo”, desabafou.
A comerciante Maria Aparecida, que perdeu tudo, também não sabia como limpar a loja sozinha. No entanto, quando chegou ao local, havia pessoas esperando para ajudá-la.
“É muito gratificante porque, quando a chega, a gente acha que não vai ter como, que não vai ter solução. Mas eu sou uma mulher de muita fé. Eu creio que as coisas vão se ajeitar”, disse em lágrimas.
Doações de todos os lugares
Além da ajuda de voluntários, os capixabas fizeram uma corretente do bem com doações de todos os cantos do estado. São produtos como água, alimentos, roupas, colchões, itens de higiene pessoal e de limpeza. É a solidariedade entrando em campo como uma força a mais aos atigindos pela chuva.