O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou neste domingo (17), horas antes de desembarcar no Brasil, uma lista de “novos esforços” para acelerar ações com o objetivo de conservar terras e águas da floresta Amazônica, proteger a biodiversidade e enfrentar a crise climática.
Entre as medidas anunciadas, está um aporte de mais US$ 50 milhões (cerca de R$ 290 milhões) ao Fundo Amazônia. A liberação do dinheiro, porém, depende do aval do Congresso americano, que terá maioria do Partido Republicano na Câmara e no Senado a partir do próximo ano.
Na reta final de seu mandato, Biden tenta marcar posição na agenda do clima. O republicano Donald Trump, que assume em janeiro, já deixou claro que é contra a imposição de restrições ambientais e pode retirar o país mais uma vez do Acordo de Paris. Trump também prometeu, durante a campanha, dar novo impulso à produção de combustíveis fósseis.
Visita à Amazônia
Biden vem ao Brasil participar do G20, no Rio de Janeiro, mas antes vai visitar Manaus, no Amazonas. É o primeiro chefe de estado americano em exercício a conhecer a floresta Amazônica.
A agenda do presidente americano em Manaus, no domingo, prevê um sobrevoo da floresta e uma visita ao Museu da Amazônia (Musa), localizado na Reserva Florestal Adolpho Ducke.
“Hoje, como parte de sua viagem histórica à Amazônia, o presidente Biden anunciará que os Estados Unidos cumpriram sua promessa histórica de aumentar o financiamento climático internacional dos EUA para mais de US$ 11 bilhões por ano até 2024”, diz o comunicado do governo americano.
O aporte de mais US$ 50 milhões ao Fundo Amazônia, cuja função é financiar o combate ao desmatamento e a redução das emissões de gases poluentes, é o segundo anunciado pelo governo Biden.
Em 2023, no começo do governo Lula, um primeiro repasse de US$ 50 milhões foi anunciado na retomada do fundo, que havia sido desativado durante o mandato de Jair Bolsonaro.
Os valores anunciados por Biden, porém, ainda estão longe da promessa de repassar US$ 500 milhões feita em abril de 2023. Com a volta de Trump à Casa Branca, é pouco provável que o dinheiro chegue de fato.
Na eleição de 2020, quando enfrentou e venceu Trump, Biden já havia prometido investir na proteção da floresta Amazônica.
O então candidato democrata citou a Amazônia em um debate e fez promessas para a região. “Eu começaria imediatamente a organizar o hemisfério e o mundo para prover US$ 20 bilhões [R$ 116 bilhões] para a Amazônia, para o Brasil não queimar mais a Amazônia”, disse ele na época, segundo reportagem da BBC.
A gestão de Biden coincidiu, em parte, com a gestão de Bolsonaro, em 2021 e 2022.
Em 2022, quando Bolsonaro viajou aos EUA para a Cúpula das Américas, o então presidente disse, sentado ao lado de Biden, que, “por vezes” o Brasil sentia ameaçada a soberania da Amazônia. Ele defendeu a legislação ambiental brasileira e disse que “brevemente” o país se tornaria “um dos maiores exportadores de energia limpa via hidrogênio verde”. O governo Bolsonaro foi marcado pelo aumento do desmatamento na Amazônia e pelo avanço do garimpo ilegal, com a destruição de rios e ameaças a populações indígenas.
Recursos americanos
Além do aporte ao Fundo Amazônia, Biden anunciou as seguintes medidas:
- investimento de US$ 50 milhões para o Fundo Amazônia;
- lançamento da Coalizão de Financiamento para Restauração e Bioeconomia do Brasil;
- novo investimento nos maiores projetos de reflorestamento na Amazônia;
- apoio ao Tropical Forest Forever Facility;
- alavancar a demanda por créditos de carbono florestal de alta integridade;
- novo acordo de cooperação entre DFC e BNDES;
- lançamento de um laboratório de investimento em soluções baseadas na natureza;
- lançando de alianças para a Amazônia;
- fornecimento de US$ 2,6 milhões ao Rainforest Wealth Project pela USAID;
- investimento de US$ 4 milhões para apoiar novos modelos de negócios que mantêm as florestas em pé enquanto beneficiam empresas e famílias locais;
- investimento de US$ 1,4 milhões na Assobio (Associação dos Negócios de sócio-bioeconomia da Amazônia);
- investimento de US$ 2,8 milhões na atividade de Agricultura Regenerativa para a Conservação da Amazônia (ARCA);
- apoio do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) para melhorar a eficiência dos fertilizantes;
- doação de US$ 2,5 milhões para a Nature Conservancy (TNC), que está apoiando esforços para reduzir o desmatamento, por meio do Departamento de Estado;
- parceria com o governo do Brasil para combater a extração ilegal de madeira e comércio associado;
- apoio da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA) nos esforços de mapeamento de áreas de queimadas em tempo quase real para o Laboratório de Sensoriamento Remoto da Universidade Federal do Rio de Janeiro;
- investimento da USAID de US$ 7,8 milhões em sua parceria de longa data com o Serviço Florestal dos EUA para fortalecer o gerenciamento de incêndios no Brasil;
- investimento da USAID de US$ 1,9 milhão para lançar a Aliança dos Povos Indígenas para as Florestas da Amazônia Oriental;
- expandir o suporte para programas existentes nos EUA, incluindo os povos indígenas;
- investimento da USAID de US$ 4 milhões para lançar a atividade Tapajós pela Vida;
- investimento da USAID de US$ 1,4 milhão para lançar o Projeto de Bem-Estar e Gestão Territorial nas Bacias dos Rios Negro e Xingu;
- investimento da USAID de US$ 2,6 milhões para lançar a atividade de Gestão Territorial Indígena Integrada;
- lançamento de sistemas avançados de energia carbono zero na Amazônia;
- promover a cooperação em saúde única no Brasil e na Bacia Amazônica;
- fornecimento de US$ 1,4 milhão para reduzir a atividade criminosa organizada relacionada à mineração ilegal e ao tráfico de mercúrio.
Dia Internacional da Conservação
Biden anunciou também a assinatura de uma procuração dos EUA que torna o dia 17 de novembro o Dia Internacional da Conservação.
Segundo a Casa Branca, o documento reconhece que a conservação ambiental é essencial para proteger a subsistência das pessoas que dependem deles, para conservar os ecossistemas e vida selvagem, além de garantir que as terras e águas para as gerações futuras e ajudar a evitar os piores impactos das mudanças climáticas.
Fonte: G1