CAMPOS – “Consegui o que prometi: reconstruir Campos. Mas o principal resultado foi trazer de volta a confiança perdida. As pessoas voltaram a acreditar na prefeitura”. Com estas palavras, o prefeito de Campos dos Goytacazes (RJ), Wladimir Garotinho resume avaliação da sua administração. Admite que ainda há muito a fazer; mas acredita que, se reelegendo, terá condição.
“Tá no coração da gente” é a coligação do prefeito, que é empresário e tem 39 anos de idade. Ele concorre pelo PP tendo na aliança o Podemos, Agir, Avante, PDT Republicanos, PL e MDB. O vice continua Frederico Paes. Nesta entrevista, ele faz um ensaio do plano de governo, caso se reeleja para o mandato de 2025 a 2028.
Uma das marcas da administração de Wladimir é parceria, em especial com o governo estadual: “Não há por que mudar uma política que só trouxe bons resultados”, adianta ressaltando que tem bom relacionamento com o governador Cláudio Castro, embora este esteja apoiando outra candidatura.
Indagado sobre a sensação de estar administrando um município do qual seus pais (Anthony e Rosinha Garotinho) também foram prefeitos, Wladimir diz que tenta, da melhor forma possível, seguir o legado de ambos. Quanto ao nível das campanhas, o candidato torce para que seja limpo, sem agressões e com foco em propostas concretas para a população.
ENTREVISTA
O DIA- Qual a avaliação que o prefeito faz da sua administração?
WLADIMIR – Consegui o que prometi: reconstruir Campos. A cidade tinha sido abandonada; eram muitos os desafios: reabrir dezenas de Unidades Básicas de Saúde (UBS) que tinham sido fechadas, reconstruir o Hospital Geral de Guarus, retomar os programas sociais, recuperar as escolas, pagar os salários atrasados dos servidores, retomar obras paradas – só para citar alguns. Nestes quatro anos, Campos gerou mais de 15 mil empregos com carteira assinada e se tornou um exemplo de boa gestão. Mas o principal resultado foi trazer de volta a confiança perdida. As pessoas voltaram a acreditar na prefeitura. Fiz tudo isso e tenho propostas para fazer muito mais.
Esses dias fui abordado por um morador, que pediu: Wladimir, também quero uma área de lazer com parquinho para as crianças no meu bairro. As pessoas cobram porque sabem que estou fazendo.
Uma das marcas do seu governo é parceria, tendo no governo do estado, em boa parte, o principal aliado. A estratégia será mantida?
“O Governo do Estado foi um grande parceiro em obras e projetos importantes para Campos, como os Bairros Legais, o asfaltamento de ruas e avenidas e a construção da Clínica Regional de Hemodiálise. Com parcerias, crescemos e fazemos muito mais. Não há por que mudar uma política que só trouxe bons resultados”.
Como está a parceria com o governador e por que ele não está apoiando diretamente sua candidatura à reeleição?
“Sempre tive uma excelente relação com o governador Cláudio Castro. Eu e ele entendemos que, muito acima de projetos políticos pessoais, representamos a população, que precisa dos governos trabalhando juntos por ela. Por isso não quero julgá-lo pelas escolhas que fez neste processo eleitoral. A população dará a resposta na urna, escolhendo entre quem trabalhou por Campos e quem nada fez pela cidade. Independentemente do resultado, nossa parceria vai continuar”.
Mobilidade urbana é um problema em várias cidades brasileiras, refletindo fortemente no transporte coletivo; Campos não é exceção. Qual a proposta para satisfazer ao usuário definitivamente?
“Quando ando pelos bairros, as pessoas me abordam e pedem melhorias no transporte. E temos dois projetos importantíssimos já em fase de conclusão. O primeiro é a construção de três Estações de Integração – em Donana, Ururaí e Travessão -, que darão mais agilidade ao transporte. O segundo projeto é a aquisição de 354 novos ônibus com recursos que consegui pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Já em 2025, vou renovar e ampliar toda a frota de ônibus do município. Mas a população se recorda que o transporte já esteve numa situação muito pior. Quem não se lembra dos terminais de lona improvisados do governo passado, onde a população esperava ônibus embaixo de sol e chuva? Faltava ônibus em diversas localidades. De mais longe a gente veio. Lógico, ainda precisa melhorar muito. Mas estamos no caminho certo”.
Em município cuja população é menor que a de Campos a tarifa do transporte público é zero. O senhor pensa nessa possibilidade?
“Nenhuma hipótese está descartada; mas são necessários estudos técnicos para avaliar a viabilidade. A tarifa zero é adotada, por exemplo, em Maricá, que tem menos de metade da população de Campos e um orçamento três vezes maior. Com muito dinheiro em caixa, tudo é possível; mas esta não é a nossa realidade. Em Campos, já oferecemos às empresas de ônibus e vans um complemento de R$ 48 milhões anuais no valor da tarifa para compensar os trajetos mais longos, sem que os passageiros tenham de pagar a mais pela passagem. É importante lembrar: o município é o maior do estado, com mais de quatro mil quilômetros quadrados de extensão. Prometer soluções sem mostrar como fazer é uma irresponsabilidade; este erro já foi cometido na história recente de Campos, e o resultado foi catastrófico”.
O “calcanhar de Aquiles” de vários administradores municipais e estaduais é saúde pública. Qual é a situação de Campos?
“Tenho orgulho em dizer que cumpri praticamente todas as metas na Saúde previstas na campanha passada. Reabri 40 Unidades Básicas de Saúde que tinham sido fechadas; reformei e ampliei o Hospital Geral de Guarus; acabei com as filas de macas nos corredores do Hospital Ferreira Machado; criei o SOS Coração, que oferece atendimento imediato em casos de suspeita de infarto e já salvou mais de 300 vidas; diminuí a fila de espera para cirurgias, com o Mutirão da Saúde. E muitos outros avanços. Mas ainda temos muito que fazer. Os principais desafios serão melhorar o atendimento nas unidades e reduzir o tempo de espera na marcação de consultas e exames”.
E a agricultura, como vai? O que está reservado para o setor?
“Nunca se fez tanto pela agricultura de Campos. Recuperei 2.500 km de estradas vicinais; ofereci assistência técnica aos produtores; criei novas feiras para os agricultores familiares escoarem sua produção; criei o programa Cesta Verde Campista, que oferece alimentos dos nossos produtores a instituições filantrópicas e famílias em vulnerabilidade. No próximo governo, além de manter e ampliar os programas existentes, vamos construir a Nova Feira do Mercado, criar o Terminal Pesqueiro na zona litorânea e construir 40 pontes na zona rural”.
Infraestrutura, turismo e desenvolvimento humano. O que se pode esperar caso o senhor se reeleja?
“A população verá muito trabalho, com obras de infraestrutura e saneamento em todo o município. O Bairro Legal vai continuar. Na área de desenvolvimento humano, o desafio é dar oportunidades de emprego e qualificação profissional às pessoas atendidas pelos programas sociais, como o Cartão Goitacá. Damos o peixe, mas queremos ensinar a pescar. No turismo, vou revitalizar todo o Centro da cidade e a orla do Rio Paraíba do Sul; além de investir em eventos para atrair visitantes ao nosso município”.
A Educação da rede municipal de Campos acaba de dar um salto histórico no Ideb. Caso o senhor se reeleja, o que pretender desenvolver para aumentar ainda mais o índice?
“Depois de atingir a nota 5,4 no Ideb, a maior da história de Campos, vamos continuar as melhorias iniciadas na gestão, com a construção e reforma de escolas e creches e utilização cada vez maior das ferramentas pedagógicas. Entre elas, destaco a aquisição de tablets, notebooks, kits de robótica, implantação de novos laboratórios de matemática e ciências e produção de conteúdos digitais. Mas de nada adiantaria tanto esforço, se não fosse o trabalho sério e comprometido dos nossos profissionais da Educação. Eles são maravilhosos. Uma mãe de aluno me deixou comovido ao dizer que, na escola do filho, mais do que uma nova estrutura física, existe amor. Isso faz toda a diferença”.
O município também tem se posicionado em geração de empregos. O senhor tem alguma proposta direcionada a criação de mais opções?
“No meu governo, acabou com a burocracia na abertura de empresas, permitindo que um alvará seja emitido em apenas 40 minutos. O número de empresas abertas aumentou 20%. Mais de oito mil microempreendedores individuais se formalizaram e mais de 1.200 contratos foram assinados pelo Fundecam. Há muitos casos de campistas que começaram a trabalhar por conta própria e, com nosso apoio, deslancharam nos negócios, inclusive gerando empregos. Esta política vai continuar. Além disso, vou ampliar os cursos de qualificação para que os cidadãos de Campos ocupem as vagas de trabalho que surgirão. Penso em especial nos jovens”.
Novas indústrias e outros investimentos capazes de gerar empregos e renda estão no seu programa de governo?
“Vou criar uma Zona Especial de Negócios na região litorânea de Campos, com potencial de atrair empreendimentos da cadeia produtiva do Porto do Açu. Na região, também vou construir o Terminal Pesqueiro – um sonho antigo que se tornará realidade. Haverá, ainda, mais investimentos na agricultura, para gerar emprego e renda”.
O que pretende para livrar o município de uma espécie de “dependência de vida ou morte” dos recursos do petróleo?
“Campos já reduziu bastante essa dependência. Hoje os royalties e participações especiais representam pouco mais de 25% da receita total do município. Vamos seguir na estratégia de atrair empresas e facilitar a abertura de novos negócios, fomentar o setor agropecuário e investir na geração de energia limpa. Campos tem grandes potenciais a serem explorados”.
Como o senhor avalia o quadro e o nível das campanhas eleitorais? O que espera até o resultado final?
“Espero uma campanha limpa, sem agressões e com foco em propostas concretas para a população. O povo não quer perder tempo com a troca de acusações; há desafios concretos que só podem ser enfrentados com boas ideias e com experiência. Contra o ódio, somos amor e trabalho. Da minha parte, posso garantir que estou ainda mais motivado para um novo mandato, onde faremos ainda mais pela população de Campos. O trabalho só começou”.
Como é estar administrando um município do qual seus pais também foram prefeitos?
“Tenho uma enorme admiração pelos meus pais e por tudo o que fizeram por Campos. Tento, da melhor forma possível, seguir o seu legado. Com os dois, aprendi lições que pratico diariamente: ter humildade para servir, ser sincero, tratar as pessoas com carinho e respeito, estender às mãos a quem precisa. Trabalhar, trabalhar, trabalhar. A rotina de prefeito não é fácil. Mas agradeço todos os dias pelo exemplo que tive em casa”.
Fonte: Jornal O Dia