Em uma reviravolta digna de uma novela policial, José Caruzzo Escafura, conhecido popularmente como Piruinha, enfrenta acusações sérias que o levaram ao banco dos réus. Aos 94 anos de idade, Piruinha não é só mais um nome no vasto cenário de contraventores do Rio de Janeiro; ele é uma lenda viva do jogo do bicho, uma prática de apostas ilegais com raízes profundas na cultura e na história da cidade.

A audiência, marcada para uma tensa tarde de terça-feira, promete ser um marco na história do crime organizado carioca. Piruinha, devido a problemas de saúde, acompanha seu próprio julgamento através de videoconferência, um reflexo das facilidades tecnológicas encontradas na justiça moderna. Sua presença, mesmo que digital, é um lembrete das sombras que essas figuras históricas ainda projetam sobre a cidade.

O motivo do julgamento é tão dramático quanto o próprio personagem: a morte de Natalino José do Nascimento Espínola, mais conhecido como Neto, um comerciante de carros assassinado a tiros em uma emboscada, episódio que chocou a comunidade local pela sua brutalidade. Os detalhes do crime soam como retirados de um roteiro de filme, envolvendo dívidas não pagas e uma execução em plena luz do dia, enquanto a vítima caminhava para seu local de trabalho.

Quem são os envolvidos no caso?

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro juntou as peças de um quebra-cabeça complicado que aponta não somente para Piruinha, mas também para figuras próximas a ele, desvendando um enredo complexo de lealdades e traições. Entre os acusados, destaca-se o nome de Jeckson Lima Pereira, conhecido como Jeck, um policial militar apontado como o homem que puxou o gatilho. As investigações sugerem um mosaico de relações criminosas que incluem até mesmo a família de Piruinha, numa trama onde os limites entre o pessoal e o profissional são turvos.

O legado de Piruinha no jogo do bicho

A trajetória de Piruinha é um caso à parte na história do Rio de Janeiro. Seu nome é sinônimo de poder e influência nos bastidores do jogo do bicho, uma prática considerada ilegal, mas que floresceu sob a vista grossa das autoridades por décadas. Os tentáculos de Piruinha se estenderam por diversos bairros, marcando-o como uma figura central neste cenário. Sua atuação não se limitou apenas à gestão dos pontos de anotações; ele também arrendava áreas para a exploração de jogos de azar, consolidando ainda mais seu domínio.

Fonte: O Antagonista