O final da IV Conferência Nacional da Mulher Advogada, que ocorreu na última sexta-feira (15/3), em Curitiba, na sede da Ordem dos Advogados do Brasil no Paraná (OAB-PR), foi marcado por vaias e manifestações contra a presença da influenciadora Cíntia Chagas. Conhecida nas redes e criticada por declarações machistas, ela foi uma das convidadas para palestrar no evento organizado pela OAB Nacional.
Um grupo de advogadas entoou o coro de “machista” contra a influenciadora. Por sua vez, Cíntia rebateu, dizendo que elas promoviam “chororidade” e “pseudodemocracia” por impedi-la de concluir a apresentação.
“Há um grupo minoritário ali no fundo que prega a democracia. Todavia, esse grupo está retirando o direito de todas vocês a assistirem a minha palestra. De modo que a democracia evocada por esse grupo e a ‘chororidade’ não passam de pseudodemocracia e ‘pseudochororidade’”, disse.
Após tentar ministrar a palestra e ser interrompida, a influenciadora pediu ajuda ao presidente da OAB, Beto Simonetti, que precisou subir ao palco.“Esse é um espaço democrático, um espaço público, um espaço onde é bem-vinda toda a inteligência da advocacia. Eu gostaria muito, respeitando os protestos, de poder atender a quem quer ouvir a palestra. […] Eu defenderei por toda a minha vida o direito a que todas as mulheres e todos os homens possam se manifestar, ainda que contrariem os interesses”, declarou.
Segundo relatos de presentes no evento, a Polícia Militar foi acionada e compareceu uao local. Até o momento, não há informações sobre registro de boletins de ocorrência.
Presença de influenciadora causou desconforto
A participação de Cíntia já havia gerado desconforto entre as advogadas desde o anúncio da palestra dela na conferência. Segundo a própria influenciadora, ela teria sido convidada diretamente por Simonetti.Como citado pela coluna de Guilherme Amado, do Metrópoles, uma série de coletivos e entidades ligadas ao tema de defesa das mulheres cobrou um posicionamento da OAB Federal sobre o convite feito.Cíntia, conhecida por falas polêmicas, chegou a dizer em um podcast que a mulher precisa “se submeter” aos homens e “se colocar no papel dela”. Confira abaixo a íntegra:
“A mulher precisa se submeter ao homem e quando digo se submeter eu me refiro a ação de deixar o homem ser homem, a ação de não castrar o homem e a ação de ser sim em vários momentos submissa, porque uma relação só se torna longínqua e feliz quando a mulher assume o papel dela e o homem assume o papel dele. Por exemplo, você que é casada, o jantar só pode ser servido depois que o seu marido […], depois que o seu marido chegar. O horário da casa deve girar em torno dele, não da sua vida, ainda que você ganhe mais do que ele, você sempre será mais submissa. Há situações em que você deverá pedir sim permissão a ele e ele por sua vez será mais doce, mais cordial com você”.
Fonte: Jornal Metrópoles